domingo, 5 de janeiro de 2014

Dois


Alta e rubra estava a lua cheia.

Não lembrava o número daquele Caçado. 14? 15? Para ela, tanto fazia. Ainda faltavam muitos a serem pegos.

Há meses que a tragédia acontecera. Um ritual antigo, que só a mais velha moradora da vila conhecia em detalhes. Cem jovens homens convocados à sua presença, no velho salão da comunidade. As mulheres eram proibidas de entrar na cerimônia, mas Al foi a primeira mulher em séculos a desobedecer a tradição.

E por isso, pagaria o preço até o último dia de sua vida.

Não havia uma forma de ludibriar a maldição. Ela deveria encontrar os cem monstros criados nas fogueiras de sua aldeia, e no último demônio encontrado, sua vida se extinguiria. Fugir era impossível, posto que uma hora ou outra, uma força irresistível arrastaria-a para o mesmo caminho dos Caçados. Em tese, era possível partir para qualquer outro lugar, porém...

Ao longe, Al pôde escutar o último arquejo da fera. A flecha de ponta de prata estava bem cravada em seu peito, mas de alguma forma, a aberração conseguira correr algumas centenas de metros antes de cair.
A mulher puxou uma flecha emaranhada em pelos e sangue, e com uma leve excitação, esperou o lobisomem voltar à forma humana.

Ele não era Gerrold.

Então, a Caçadora respirou, aliviada.




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