quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

É necessário voltar ao começo

Estive por dois meses pensando em como seria a minha volta para o porto das palavras.

Pois bem, o porto das palavras... é assim que agora eu defino. Um porto, que para mim é sempre noite, tem sempre uma lua prata e uma infinidade de água a frente que me leva por caminhos subconhecidos, com todos os tons de todas as cores e todas as intenções e sentimentos. Uma barca amarelada era aquela que me levava aonde linhas prateadas entranhavam, entravam nos meus desejos, se enroscavam nos meus pensamentos mais encardidos, arrancavam os suspiros e os enfiava entre linhas.

Linhas prateadas.

Elas se emaranhavam umas nas outras, a água quase sumindo entre as linhas prateadas trançando-se, então, a barca estremecia, soltava um barulho, como um rugido, e tudo explodia como uma briga de travesseiros. Ficava tudo branco em pluma, suave como um copo de leite. Eu estive cega, perdida no mar de ideias, sem ter como voltar. Perdida por dias que mais pareciam anos. Perdi tudo, meus sentimentos, minhas emoções, minhas ideias que se misturaram ao mar de leite, e finalmente, minhas palavras.

Por quem os sinos dobram.

Havia um único ponto em meio ao mar de cola, que eu demorei para perceber. Comecei a ouví-lo muito longe, pulsando, bombeando, batendo, rugindo, cada vez mais forte. Era um coração. O vermelho inundou minha vista, jatos de sangue eram lançados na minha face tal qual um tapa na cara. Então acordei. Ou desmaiei. Abri os olhos sob uma forte luz clara. Era a lua prata, revelando mais do que linhas no mar, revelando o porto das palavras, onde era necessário voltar. É necessário voltar ao começo.

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