terça-feira, 25 de março de 2014

As obras do museu da mente

A sombra de um corpo, negro, musculoso, recortado pela luz da tv, nu, deitado no sofá.

Os olhos castanhos brilhando num beijo de olhos abertos, dentes contra dentes, e o sol ao fundo,  emoldurando-os.

O nascer do sol sobre uma rua muito cinza e movimentada, onde a direita, destacava-se um grande mural colorido, grafitado, de um desenho estilizado tal qual uma HQ, na lateral inteira de um edifício. 

Uma imensidão de cinza, pesado como se fosse desmoronar, sobre um vasto acaso de pessoas se movimentando, alheias.

Verde muito escuro, tremulante, águas profundas, com uma moldura verde da mata atlântica. E sobre eles, o céu azul que doía.

O nude sobre a pele, os dentes brancos a centímetros da face oposta, um ramo de margaridas e um grande pasto ao redor, onde só as vacas testemunharam um beijo.

As luzes de uma cidade escondida. Linda, reluzente, esbanjando a esperança que não se vê de dia.

Uma linha perfeita de dentes brancos, com caninos levemente saltados. Labios sorrindo, olhos concentrados, maos grandes e braços que faziam um estranho angulo para oferecer um abraço que nunca aconteceu.

Uma noite fria mas salpicada de exaltação no ar. Estrelas aviões, fumaça, helicópteros, tudo isso garantindo a liberdade extraída das musicas de um palco de show.

Entre tanto concreto, paredes inúmeras de palhaçadas conscientes numa estação de trem. Passadas em alta velocidade, só dava tempo de notar o borrão de cores, capaz de animar por um minuto. Mas capaz.

O céu como um infernal espaço atemporal, e a terra abaixo do vidro das janelas de um avião, totalmente alheio e anacrônico ao resto do céu que a envolve.

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