segunda-feira, 21 de abril de 2014

Épico da casa velha (ou A chegada)



Era uma casa,
súbito barranco!
sombra não havia,
além dos altos caules.

Onde permissão era necessária
uma ou outra vez, quem sabe.
talvez fosse blefe da senhoria,
rapagões perigosos, qual nada!
armados de linha e de lata.

Bastava subir um morro,
onde lá o fôlego se perdia.
cansar da jornada não pode!
ainda há mais uma subida!

Que alívio, uma rua aplainada!
uma ou outra vez danada,
enquanto se bebe na esquina.

Talvez um mercado ali,
e uma escadinha acolá...

Bastava o seu verde contorno
eurídice do fôlego Orfeu!
interessante analogia
já que os protagonistas morreram,
a peça ali não se fez conhecida.

Abria o branco portão,
ínterim de sublime agonia!

Reza a lenda local,
estranho guardião à espera.
sisudo protetor do santuário,
infinitas graças a ti!
depois de sucessivas jornadas,
ei-la! a estátua que ri.

Mais além, o corredor;
escuro e esticado,
uma ponte sobre a dor.

Calço que primeiro ergueu,
infinitas venturas de outrora,
úmido de libações,
marcado por estranho compasso,
era sala? ou era quarto?


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